Estou contratando uma doméstica com as qualificações
necessárias ao cargo. Pago todos os direitos. Que ela saiba cozinhar
razoavelmente, passar e arrumar a casa. Não precisa ser exímia pianista. Basta
tocar um pouco de Chopin, meu preferido. Ela toca e eu escuto e depois eu toco
Beethoven e ela escuta. Pau a pau. Serão seis horas de trabalho e duas de piano
para que possamos relaxar. Ela de tanto trabalho, da preocupação de chegar na
hora, de dar tantas explicações pelo atraso da condução, de assinar ponto de
entrada e saída, não porque eu exija, mas porque lei é lei, e eu de controlar
tudo, de verificar as horas, de cuidar para que ela não trabalhe na hora do
descanso, de viver com o lápis na mão fazendo contas e mais contas de hora
extra, de abono, de adicional noturno, de INSS, FGTS, multas e outra
besteirinhas, mas pois, de dona de casa me transformei de repente em empresária
sem ter empresa. Tô lascada! Depois tomaremos o chá das cinco com bolinhos que
farei, ela sendo minha convidada, pois depois das oito horas nem um copo d'água
posso pedir mais a ela. Acho certíssimo. Lei é lei. Todo mundo tem que ter os
seus direitos trabalhistas. Estou esperando os meus. Os direitos da dona de
casa. Quando a presidente vai regulamentar isso? Tenho 42 anos de trabalho
ininterrupto. Fui cozinheira, lavadeira, babá, professora, motorista,
psicóloga, administradora, economista e ainda tenho várias destas funções e
muitas vezes tem alguém que ainda acha que sou dondoca e que vivo pendurada no
telefone. Isso é caso de polícia! Estou vendo a hora morrer e a lei que
favorece a dona de casa não é aprovada. Preciso urgentemente ouvir Chopin!
Fonte: Facebook
Amei, Beni!!!! Só você é capaz de encontrar palavras tão exatas para as pequenas crônicas do dia-a-dia.
ResponderExcluirParabéns, amiga!
:D
Bjooo!