Dorothy
Coutinho
COLESTEROL
É VIDA - OU DE PERTO NINGUÉM É NORMAL
Se
você pensa que é sadio, é porque não procurou direito sua doença.
Falo
principalmente da “doença mental”. Aliás, expressão pouco usada, porque o
chique agora é “transtorno”, “desordem” ou “distúrbio”.
A
tendência é não sermos mais vistos como responsáveis pelos nossos próprios
atos. O sujeito é assaltado porque lhe faltaram oportunidades de acesso à
educação, ou porque foi vítima de bullyng e tantos outros indicadores, sempre
com resultados de uma formulação manipulada, onde nem sempre as relações de
causa e efeito têm uma base sólida. O pior é que elas resistem até mesmo a
obvia verdade de que a grande maioria dos que enfrentaram ou enfrentam momentos
difíceis não é de delinquentes.
No
terreno da psicanálise de boteco que tem o condão de adaptar suas explicações,
o sujeito que surra mulher e filhos é porque foi também surrado pela mãe, ou do
outro que não foi surrado e nem sequer advertido, ou seja, foi negligenciado,
mas com efeitos também desastrosos. E o número de transtornos e desordens só
aumenta. Surgem os novos “pacientes”, gente que agora padece de síndromes antes
nunca descritas.
E
os males do espírito que não geram sintomas físicos, ou, se geram, são de
difícil definição? O diagnostico vira conceitual e subjetivo e fica assim, um
papo de maluco: “eu acho que você está deprimido porque acho que seu quadro
configura o que eu acho que é depressão”.
Não
há mais preguiça, não há mais agressividade. Há transtornos, desordens de
atenção, só desordens. As emoções antes normais em qualquer ser humano podem se
revelar em algum transtorno. Vai depender do freguês e da moda psiquiátrica
corrente.
Não
se fica mais triste, fica-se deprimido. Não se fica mais ansiosa, fica-se com
distúrbios de ansiedade.
Chegamos
sem notar, ao ponto em que todo indivíduo, se confrontado com um hipotético
“padrão normal”, será portador de vários transtornos. É o caso de se pensar que
assim como a infância e a falsa descoberta de um número alarmante de bebês
portadores de transtorno bipolar, passou a ser uma doença, a puberdade, a
adolescência, a jovem maturidade, a meia idade e a velhice é tudo doença
também. Ninguém escapa, porque o objetivo é englobar.
O
problema não é a ciência decretar que, de uma forma ou de outra, somos todos
malucos. Isso todo mundo sabe. O problema é quando eles decidem qual é a nossa
maluquice e nos forçam a uma normalidade que não queremos e nem temos por que
aceitar. Assim, podemos ser forçados a agir “normalmente” ou considerados
insanos, se discordarmos da normalidade oficial.
Tenho
medo de não me encaixar na portaria da ANVISA que define a normalidade, já que
de perto ninguém é normal! Eu só sei que colesterol é vida!!!
Amei, Dorothy! Sua escrita fantástica nos faz pensar.
ResponderExcluirBj enoooorme!
:*
mami is the best!
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