Reunião Especial: Pesquisadores Latino - Americanistas e Caribeanistas
O encontro reuniu pesquisadores e estudiosos vários. As pesquisadoras à frente do debate: Flávia Lessa de Barros (UnB), Lilia Tavolano (UnB) e Adelia Miglievich (Ufes) nos contam um pouco sobre os desafios (dado o momento político) de se pensar Brasil e América Latina.
Por Roberta Nogueira
O Teto: Sobre a ausência do embaixador do Equador nos debates de hoje e seu impacto nas decisões a serem tomadas pelo grupo.
Por Roberta Nogueira
O Teto: Sobre a ausência do embaixador do Equador nos debates de hoje e seu impacto nas decisões a serem tomadas pelo grupo.
Flávia Lessa de Barros (UnB):
"Nós estávamos contando, na programação oficial, com a participação do embaixador, professor Ramón Galarza. Ele participaria da Mesa Redonda: Campos de Produção e Difusão de Conhecimento e Informação sobre A América Latina no Brasil, representando uma rede importantíssima latino-americana, que reúne não só acadêmicos, pesquisadores, mas também militantes de movimentos sociais, que, por sua vez, também produzem conhecimento, outras formas de saber que, não acadêmicas, não reproduzem propriamente o paradigma científico, mas contribuem igualmente na produção de conhecimento sobre a região.
O embaixador também estaria aqui conosco, inclusive se manifestando em prol do fortalecimento em âmbito regional e internacional da rede que pretendemos criar a partir de hoje, a Rede Brasileira de Pesquisadores Latino-Americanos e Caribeanistas. E da inserção da mesma na Rede Internacional Latino-Americana Democracias em Revolução e Revoluções e Democracia. Infelizmente, em função do grande desgaste das relações diplomáticas dos dois países, Equador e Brasil, no processo do golpe, sua vinda foi desautorizada pelo chanceler. Isso, no entanto, não quer dizer, apesar da perda de sua contribuição na ANPOCS, uma inviabilidade de participação e intersecção nossa nessa rede. Nós prosseguiremos, enfrentando esse tipo de dificuldade.
A Universidade, o campo acadêmico no Brasil, é compreendido também com um campo importante de organização, de articulação e de mobilização para se pensar América Latina, as democracias que foram sendo aprofundadas desde as duas últimas décadas na região e para o enfrentamento de todas as ameaças que estamos sofrendo.
Tivemos esse problema, foi momentâneo, mas nós temos uma agenda muito importante de ação para desenvolver. E essa união entre nós a partir das diferentes perspectivas, da nossa pluralidade de olhar sobre a região é que vai fazer a nossa força. Nós somos contra o pensamento único, contra o projeto de homogeneização, de rebaixamento, de subjugação da Universidade. Nós defendemos a autonomia de pensamento, o livre-arbítrio e vamos prosseguir lutando para fortalecer a nossa rede. Essa rede é um grande caminho e vai estar sempre aberta em uma perspectiva horizontal, não temos a intenção de criar hierarquias, direções, nós não estamos aqui criando um espaço de poder nesse sentido de dominação, de autoridade. A proposta é de horizontalidade, de troca, de fortalecimento mútuo."
A Universidade, o campo acadêmico no Brasil, é compreendido também com um campo importante de organização, de articulação e de mobilização para se pensar América Latina, as democracias que foram sendo aprofundadas desde as duas últimas décadas na região e para o enfrentamento de todas as ameaças que estamos sofrendo.
Tivemos esse problema, foi momentâneo, mas nós temos uma agenda muito importante de ação para desenvolver. E essa união entre nós a partir das diferentes perspectivas, da nossa pluralidade de olhar sobre a região é que vai fazer a nossa força. Nós somos contra o pensamento único, contra o projeto de homogeneização, de rebaixamento, de subjugação da Universidade. Nós defendemos a autonomia de pensamento, o livre-arbítrio e vamos prosseguir lutando para fortalecer a nossa rede. Essa rede é um grande caminho e vai estar sempre aberta em uma perspectiva horizontal, não temos a intenção de criar hierarquias, direções, nós não estamos aqui criando um espaço de poder nesse sentido de dominação, de autoridade. A proposta é de horizontalidade, de troca, de fortalecimento mútuo."
Lília Tavolano (UnB):
O Teto: O sentido de se pensar hoje: Brasil e América Latina.
"Falando um pouco sobre a iniciativa hoje de promover essa reunião. Hoje, no atual contexto político do Brasil e da América Latina, ela tem um significado especial. À medida que articula pesquisadores que estão pensando América Latina, os seus problemas, as suas questões e cuja integração é fundamental inclusive para se pensar em proposições, enfrentamentos, não só do ponto de vista acadêmico, mas político também, para a região. Sem esse conhecimento produzido, sem uma instituição, sem institucionalização que dê algum tipo de respaldo para produção de conhecimento, realmente nós ficamos muito mais vulneráveis. Então essa é uma forma também articularmos intelectual e politicamente."
Adelia Miglievich (Ufes):
O Teto: O sentido de se pensar hoje: Brasil e América Latina.
"Falando um pouco sobre a iniciativa hoje de promover essa reunião. Hoje, no atual contexto político do Brasil e da América Latina, ela tem um significado especial. À medida que articula pesquisadores que estão pensando América Latina, os seus problemas, as suas questões e cuja integração é fundamental inclusive para se pensar em proposições, enfrentamentos, não só do ponto de vista acadêmico, mas político também, para a região. Sem esse conhecimento produzido, sem uma instituição, sem institucionalização que dê algum tipo de respaldo para produção de conhecimento, realmente nós ficamos muito mais vulneráveis. Então essa é uma forma também articularmos intelectual e politicamente."
Adelia Miglievich (Ufes):
O Teto: Sobre as soluções, caminhos que foram apontados para que realmente haja um diálogo efetivo do Brasil com os outros países da América Latina. E para que tal diálogo não seja ameaçado.
"De fato, o diálogo entre o Brasil e demais países latino-americanos encontra-se ameaçado pela política externa atual do governo Temer. E essa reunião, que tem um fundo mais detidamente acadêmico, mostra que também as relações de cooperação científica estão ameaçadas: as parcerias interinstitucionais, os projetos, as pesquisas, a mobilidade acadêmica: estudantes de países vizinhos que vêm ao Brasil, estudantes brasileiros que desejam fazer suas formações, pós-graduadas, por exemplo, em países latino-americanos. E nós tivemos um crescimento notável nos últimos dezesseis anos de núcleos de pesquisa, de laboratórios, de revistas.
Nós tivemos uma presença significativa de vários estados brasileiros do nordeste, do norte, do sul, do centro-oeste, do sudeste. E tivemos uma diversidade de temáticas, que foram narradas no campo da Ciência Política, da Sociologia, da Antropologia e mais especificamente, das Relações Internacionais. Então, nós estamos com um campo pujante. A questão é mantê-lo e marcar nossa voz, marcar nossa resistência em torno de uma agenda de pesquisa que coloque a América Latina como um locus de enunciação. A ideia de nós, pesquisadores de e a partir da América Latina, participarmos da comunidade internacional, mas com autonomia. Em minha análise, esta ideia foi muito bem sucedida".
A Reunião Especial foi presidida pelos seguintes pesquisadores e instituições:
Flávia Lessa (UnB), Lívia Tavolano (UnB), Adelia Miglievich (Ufes), Joanildo Burity (Fundação Joaquim Nabuco), Carlos Eduardo Martins (UFRJ), João Feres Jr. (Uerj).
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