terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A capacidade para o bom humor





Gosto de inventar histórias. Também gosto de observar, e do meu jeito transcrever o que estamos fazendo da vida.
 
Logo cedo percebi que questionar as coisas dá trabalho. Tudo começa a se resumir: nascer e mais tarde trabalhar para arcar com dívidas financeiras e emocionais, lutar para se enquadrar mesmo que em modelos absurdos que nos são impostos.
 
Às vezes até produzimos algo positivo como a família.Começam as contradições da nossa cultura: cadê tempo e disposição? Era tão bom quando os filmes duravam no máximo duas horas!
 
Com a vida apressada e compactada passamos a ver em cada livro um livrão! Se ele tiver mais que 200 páginas então, eu não chego nem perto: um tijolaço! Desagradável até para segurar...Também não gosto de me estender demais nos restaurantes, em festas ou fora da minha casa ou fora da minha rotina.
 
Na prática, me tornei menos paciente. Não lido com situações que se arrastam, com falta de objetividade, com rodeios, com gente que leva dez minutos para dizer o que pode ser dito em dois, ou que perde horas ao telefone sem chegar ao ponto, novelas, etc.
E então, parar para pensar? – Nem pensar!
 
Com as contradições chegam angústias: cozinhar? Nunca foi tão chique. Mas comer é proibido por que engorda ou aumenta o colesterol. Sexo? Bom demais. Mas estamos tão exaustos! Nessa correria passou a ser um luxo parar para pensar, para refletir e deletar algumas coisas.
  
Deveríamos estar usufruindo do café com o pãozinho, sem pressa, com calma, dando um tempo para que as coisas se desenvolvam.
 
Mas...e se for ilusão? – vamos perder tempo, o ônibus vai passar, o bar vai fechar, a festa vai acabar, o dinheiro vai evaporar, o marido vai se mandar, e os filhos... melhor nem falar!
 
Entra em cena a bolsinha filial da farmacinha doméstica contendo a pílula para dormir e a outra para acordar, a pílula contra depressão que nos tira a libido e a outra para compensar o prejuízo quando nos rouba a naturalidade e ainda tem aquela que ninguém sabe para que serve, mas que todo mundo toma!
 
Medicados, padronizados, desesperados, medíocres ou heróicos, amorosos ou perversos, nos achando o máximo ou o lixo, seguimos com a mala grande da culpa.
 
Por vezes dou a impressão de ter sido abduzida por esse mundo que não enaltece o prazer da entrega à reflexão. Paro para refletir e vejo que somos apenar humanos, e que nisso tudo existe alguma grandeza, mesmo subindo pelo lado errado da escada rolante.
 
E para provar que não sou um caso totalmente perdido, algumas coisas ainda aprecio que sejam longas: a capacidade para o bom humor e uma boa transa, claro!
 
 
Dorothy Coutinho




2 comentários:

  1. Curtí!!!!
    Feliz Ano Novo.
    Que em 2013,tenhamos tudo de melhor que não tivemos em 2012,inclusive fé.

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  2. Amém! :) Um ano feliz para todos nós, Ellen querida!
    Bjs carinhosos.
    :**

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