Escadaria da Igreja
Do Bom Jesus do Matosinhos_Congonhas, MG. Patrimônio Histórico da Humanidade.
... passos, sem palavras... sem
história. Um brasileiro esperando talvez que alguém o escreva nas lentes de uma
câmera fotográfica. (Moedas em troca no chapéu!) Sorriso no foco, silêncio no
disparo do obturador. Aos pés dos Profetas.
Fim de tarde nos arredores da Basílica do Bom Jesus do Matosinhos, os últimos turistas cansados (“A verdadeira crise seria economizar!”)despedem-se das compras do dia seguinte. Ele tenta o chapéu sem sucesso, o grupo já se foi. Ele sorri quando me aproximo.
Fim de tarde nos arredores da Basílica do Bom Jesus do Matosinhos, os últimos turistas cansados (“A verdadeira crise seria economizar!”)despedem-se das compras do dia seguinte. Ele tenta o chapéu sem sucesso, o grupo já se foi. Ele sorri quando me aproximo.
Há uma cadência de movimentos nas
disformes formas. E há ternura! Quem sabe aquela que move a alma brasileira na
dança do dia-a-dia, na marcha exata e precisa, na busca insistente pelos “sins”
que custam a vir. (Quando vem.)
Mas há espera... A Cidade dos Profetas não quer dormir (é tão cedo!) e nem ele. A pose é certa no preto-e-branco a ser revelado. Com ela o sorriso se esvai em uma mágica que é só dele, não pode ser tomada. Sorriso que, curiosamente, volta quando recolho o equipamento à segurança do estojo preto.
O sino da igreja toca acordando o meu transe. Também acordo. Sorrio, agradeço e parto, levando-o a tiracolo.
Fonte: Noticiarama.blospot.com.br
Roberta
ResponderExcluirQue fotografia...
Já vi mil vezes e em todas me arrepio, me emociono.
A tua sensibilidade se revela na escolha do filtro da foto também. Em preto e branco ela traz uma profundidade atemporal. Ela retira o "tempo", a "época" e transforma-o em algo eterno, imortalizado em imagens, palavras e simbologia.
Olho essa foto e penso no teu texto e eles se casam como o orvalho e os ramos da pitangueira no inverno gaúcho.
É sobre humanidade. É sobre o homem. É sobre o "gente" que não nos abandona nunca, nem na maior das desgraças, nem na pior das tormentas.
Um atormentado, um sofredor, um desgraçado, e gente. Muito gente. E gente que espera. E acredita: na próxima esmola, nos próximos turistas. Um homem que crê na generosidade humana, na piedade, na compaixão. E que olha nos olhos da fotógrafa e se vê gente. E vê que é visto como gente nos olhos daquela fotógrafa. Que é poetisa. E captou o momento. O momento único do homem no meio dos turistas vorazes. Vorazes e rápidos- vão e não enxergam, ignoram o homem. Sob os pés dos profetas piedosos. Os turistas olham e não veem. Estamos todos cegos. Sob os olhos dos profetas deveríamos ser todos bons. Mas só a poeta vê. <3
Carla querida, obrigadaaaaaa, suas palavras me emocionam. :) E então sou reportada àquela cidade, à escadaria, ao homem de olhar repleto de palavras. Profeta de olhar e palavras que tocaram fundo dentro em mim.
ResponderExcluir<3