_ Apoio à Vida , boa noite, Maria
Bernadete falando.
_ Eu quero me matar.
_ Ah, então o senhor ligou para o lugar certo!
_ E o que leva a senhora a ter tanta certeza assim?
_ Como é que é?
_ Claro, eu poderia ter discado outro número, falado com outra atendente...
_ Mas ligou exatamente para o nosso serviço de autoajuda e eu, a plantonista do dia, atendi a ligação.
_ E como é que a senhora sabe que pode me ajudar?
_ O senhor pediu a minha ajuda e...
_ EU pedi a sua juda?
_ O senhor liga para um serviço de autoajuda e diz que quer se matar, eu, como profissional da área, tenho a obrigação de...
_ Em primeiro lugar, eu não pedi sua ajuda, simplesmente afirmei o que pretendo fazer. Em segundo, que obrigação pode ter comigo se nunca me viu?
_ Ora, meu senhor!
_ Seu não,que eu não sou de ninguém! Além do mais, tenho nome, João Maurício, a seu dispor.
_ Sr. João Maurício, sem nada mais a dizer, boa noite.
_ Mas como... "boa noite?"
_ Não seria nada educado se eu lhe desejasse uma "má", "terrível" ou "péssima" noite, não é mesmo?
_ E o motivo que me levou a fazer este telefonema?
_ Teve motivo?
_ É óbvio, minha senhora, caso contrário, nossa conversa teria sido perda de tempo.
_ E ainda acha que pode ter sido "ganho de tempo?"
_ De tempo, palavras, experiência...
_ Experiência em "como lidar com chatos de plantão."
_ Olha que quem está de plantão é a senhora!
_ Bem, nossa conversa termina por aqui.
_ A senhora disse "bem?"
_ Disse.
_ Ninguém nunca... me chamou assim.
_ Meu senhor, eu...
_ Quem sabe... é possível mesmo que eu esteja me tornando "seu senhor" e muito mais.
_ O senhor é louco!
_ Só se for pela senhora.
_ Mas nem me conhece.
_ O suficiente para convidá-la para jantar.
_ Mesmo?
_ Pode estar certa disso.
_ Loucura é coisa contagiosa?
_ Por quê?
_ Acho que eu enloqueci o suficiente para aceitar seu convite.
_ Tem medo de perder o seu emprego?
_ Emprego? Ah, ainda tem o motivo pelo qual ligou... Eu tenho que lhe contar uma coisa, João Maurício!
_ Diga, contato que não parta meu coração, Maria Bernadete!
_ Eu não sou atendente e isso não é um serviço de autoajuda vinte e quatro horas!
_ Fique tranquila, para falar a verdade, a única coisa que eu queria matar era o tempo, agora podemos fazer isso juntos.
_ Verdade? Ai, que alívio!
_ Às nove?
_ Em frente à Câmara Municipal. Estarei vestida de cinza.
_ E eu com uma flor amarela nas mãos para a plantonista mais gentil que já conheci.
_ Então, até lá, meu senhor!
_ Até lá, minha querida senhora!
_ Eu quero me matar.
_ Ah, então o senhor ligou para o lugar certo!
_ E o que leva a senhora a ter tanta certeza assim?
_ Como é que é?
_ Claro, eu poderia ter discado outro número, falado com outra atendente...
_ Mas ligou exatamente para o nosso serviço de autoajuda e eu, a plantonista do dia, atendi a ligação.
_ E como é que a senhora sabe que pode me ajudar?
_ O senhor pediu a minha ajuda e...
_ EU pedi a sua juda?
_ O senhor liga para um serviço de autoajuda e diz que quer se matar, eu, como profissional da área, tenho a obrigação de...
_ Em primeiro lugar, eu não pedi sua ajuda, simplesmente afirmei o que pretendo fazer. Em segundo, que obrigação pode ter comigo se nunca me viu?
_ Ora, meu senhor!
_ Seu não,que eu não sou de ninguém! Além do mais, tenho nome, João Maurício, a seu dispor.
_ Sr. João Maurício, sem nada mais a dizer, boa noite.
_ Mas como... "boa noite?"
_ Não seria nada educado se eu lhe desejasse uma "má", "terrível" ou "péssima" noite, não é mesmo?
_ E o motivo que me levou a fazer este telefonema?
_ Teve motivo?
_ É óbvio, minha senhora, caso contrário, nossa conversa teria sido perda de tempo.
_ E ainda acha que pode ter sido "ganho de tempo?"
_ De tempo, palavras, experiência...
_ Experiência em "como lidar com chatos de plantão."
_ Olha que quem está de plantão é a senhora!
_ Bem, nossa conversa termina por aqui.
_ A senhora disse "bem?"
_ Disse.
_ Ninguém nunca... me chamou assim.
_ Meu senhor, eu...
_ Quem sabe... é possível mesmo que eu esteja me tornando "seu senhor" e muito mais.
_ O senhor é louco!
_ Só se for pela senhora.
_ Mas nem me conhece.
_ O suficiente para convidá-la para jantar.
_ Mesmo?
_ Pode estar certa disso.
_ Loucura é coisa contagiosa?
_ Por quê?
_ Acho que eu enloqueci o suficiente para aceitar seu convite.
_ Tem medo de perder o seu emprego?
_ Emprego? Ah, ainda tem o motivo pelo qual ligou... Eu tenho que lhe contar uma coisa, João Maurício!
_ Diga, contato que não parta meu coração, Maria Bernadete!
_ Eu não sou atendente e isso não é um serviço de autoajuda vinte e quatro horas!
_ Fique tranquila, para falar a verdade, a única coisa que eu queria matar era o tempo, agora podemos fazer isso juntos.
_ Verdade? Ai, que alívio!
_ Às nove?
_ Em frente à Câmara Municipal. Estarei vestida de cinza.
_ E eu com uma flor amarela nas mãos para a plantonista mais gentil que já conheci.
_ Então, até lá, meu senhor!
_ Até lá, minha querida senhora!
Roberta Nogueira
Fonte: Noticiarama.blogspot.com
Link: http://noticiarama.blogspot.com.br/2010/02/coluna.html#more
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